Como você bem sabe, Onde Vivem os Monstros (‘Where The Wild Things Are’, 2009) era o filme pelo qual eu estava mais ansioso para assistir este ano. Infelizmente, ele teve sua estreia adiada no Brasil para janeiro (antes dia 1º; agora dia 15). Felizmente, tive a chance de assisti-lo em uma cabine exclusiva na Warner ontem, 26 de outubro.
Peraí, mas por que no título do post está escrito “pré-resenha”?!
Simples: porque é impossível tirar claras (e concretas) conclusões do filme tendo o assistido apenas uma vez. Seria até injusto da minha parte citar sequências, apontar recursos de linguagem ou julgar com detalhes aspectos do roteiro. O filme é tão rico, que fica difícil absorver tudo com uma única assistida.
Por isso, o que escrevo a seguir são primeiras impressões, palavras rápidas sobre o novo trabalho de Spike Jonze; ou seja, uma quase-resenha (e espero que ela sirva para acalmar os nervos de quem está tão ansioso pelo filme como eu estava).
Engana-se quem pensa, pelos lindos trailers e pôsteres (ou até mesmo pelo livro adaptado, obra de Maurice Sendak), que Onde Vivem os Monstros é uma produção fofinha com bichinhos legais e crianças se divertindo.
Um aviso, meus caros: Onde Vivem os Monstros não é um filme fácil. É belíssimo, divertido e emocionante, sim. Mas sua complexidade vai muito além destes adjetivos.
A genialidade de Spike Jonze é tanta, que ele conseguiu criar, a partir de um livro infantil, uma produção densa, repleta de camadas que exigem uma cuidadosa reflexão. Arrisco a dizer – e espero não estar indo longe demais – que Onde Vivem os Monstros é uma espécie de Blade Runner dessa geração: um filme difícil, que não agradará a todos, mas que no futuro será descoberto, ganhará status de cult e se tornará objeto de estudo e análise sobre relacionamentos, estrutura familiar e outros tantos temas que dizem respeito à infância e seus conflitos.
Caray. Nunca imaginei que escreveria este tipo de coisa sobre esse filme. Mas é o que é.
Em breves palavras, a produção é impecável: o visual dos monstros causa estranhamento, rompe com o que estamos familiarizados e, por isso, os torna fascinantes. O garoto Max é um paradoxo; a incrível atuação de Max Records (sim, o nome do menino-ator também é Max) nos desperta inúmeros e conflitantes sentimentos. A trilha sonora de Karen O and the Kids é fantástica e cai como uma luva em cada cena do filme. As locações, a fotografia, a direção de arte… tudo é muito foda. Tanto a sequência inicial, quanto a final são de uma genialidade absurda, e me deixam comovido só de lembrar.
O ritmo do filme, no entanto, é bastante lento e arrastado. Não vá esperando grandes reviravoltas ou quebras inesperadas na narrativa. Estamos lidando com arte aqui, é preciso estar no clima para aproveitar ao máximo da experiência criada pelo cineasta.
Ainda assim, Onde Vivem os Monstros é a obra-prima definitiva de Spike Jonze. Um filme subversivo, impactante, belíssimo e que ficará com você por um bom tempo (acredite, cada vez que paro e penso sobre ele, encontro novos significados).
Mas ainda tenho muito a falar. Em janeiro, próximo à estreia do filme, prometo que farei uma resenha completaça, explicando em detalhes porque este é um dos melhores filmes que eu já vi, e as razões que podem torná-lo em um dos filmes mais cultuados do cinema moderno.
Ah, e a nota não poderia ser mais previsível: 10.
Let the wild rumpus start!